Apesar de viverem rodeadas por homens, elas cumprem missões e se destacam cada vez mais no meio policial.

Dra. Patrícia Nuno
Elas estão prontas para atuar dentro ou fora da delegacia. Antes de sair para o trabalho ostensivo nas ruas, repetem o mesmo ritual. Arrumam à farda, prendem a arma e é claro não esquecem de dar uma conferida na maquiagem. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, na polícia Militar, elas representam 14 % do efetivo da Bahia, totalizando 3.996 policiais femininas. O contingente é o maior do país, em termos proporcionais. Já na polícia Civil, metade das delegacias de Salvador é chefiada por mulheres. Apesar da carreira está ligada fisicamente ao sexo masculino, a mulher vêm conquistando e se destacando cada vez mais no meio policial. Tidas como sexo frágil, mostram diariamente que tem pulso firme e fazem o papel do homem na polícia. Dificuldades e obstáculos não são empecilhos para essas guerreiras que com respeito e admiração, superam a discriminação e alcançam altos cargos pretendidos pelos homens.
Em alguns estados do Brasil, no início da década de 50, foi dado início o recrutamento das mulheres na polícia Militar e Civil. Já na Bahia, não foi tão diferente. Em 1989, a Companhia de Polícia Militar Feminina foi criada, dando o pontapé inicial das primeiras mulheres na Polícia Militar da Bahia. Na polícia Civil, em 1979 as primeiras agentes e escrivãs começaram a representar o sexo feminino, buscando uma carreira promissora capaz de enfrentar os desafios propostos aos homens.
O perfil dessas mulheres, muitas vezes se distinguem. De acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 28% das policiais femininas, incluindo agentes e delegadas são solteiras, 53 % casadas e 19% separadas ou viúvas. As que têm filhos representam 58% e 69% possuem diploma de curso superior. O salário é o mesmo do homem. Varia de dois mil reais a 10 mil, a depender do cargo ou função. São números que representam a força feminina se misturando com a força masculina. Apesar de muitos imaginarem mulheres frágeis e delicadas, a mulher policial mostra garra e força de vontade, ao defender a sociedade, que por muitas vezes as enxergam com bastante preconceito.
Ela mede 1,77m, pesa 66 kg, é loira e atira como ninguém. Patrícia Regina Rocha Nuno de Souza, mais conhecida como Patrícia Nuno. Há 19 anos como delegada de polícia, a “delegata”, como é chamada por muitos, se destaca pela beleza incorporada na Polícia Civil da Bahia. Divorciada e mãe de dois filhos, vive intensamente dividindo o dia-a-dia com o trabalho e a família. Confessa que encontrou um novo amor, mas não quis revelar o nome. “Prefiro não falar, é tudo muito recente”, diz. Praticar esportes e principalmente a temida musculação, também faz parte da jornada diária dividida entre muitos afazeres. “Acompanhar meu filho nu surf, é muito apaixonante. Me empolgo tanto, parecendo que estou surfando”, fala. Patrícia que já passou pela 14ª delegacia, na Barra e 1ª delegacia, nos Barris, 13ª delegacia, no bairro de Cajazeiras foi transferida recentemente para a 23ª DT, em Lauro de Freitas. Questionada se o motivo dessa transferência é a candidatura por uma vaga na Assembléia Legislativa, ela se faz de desentendida. “O delegado geral da polícia faz essas mudanças freqüentemente, nesse exato momento sou delegada de polícia”, afirma.
Por ser mulher, loira e bonita, Patrícia já sofreu na pele preconceito de alguns colegas de profissão. “No começo foi difícil. Alguns colegas me olhavam diferente, mas achavam uma “patricinha” da polícia. Mas com o passar dos anos, fui mostrando meu trabalho e ganhando espaço e reconhecimento”, diz. Ao longo de tantos anos, diversas histórias fazem parte do currículo da delegada, que por sinal se destacou num belo trabalho a frente da 1ª delegacia. Questionada se algum preso já deu em cima dela, a resposta veio de forma espontânea. “Sim. Já aconteceu algumas vezes. Mas sempre o bandido se arrependeu, logo depois de tomar umas duras”, confirma.
Diariamente, recebe cartas, telefonemas e e-mails de fãs, prestigiando e agradecendo o trabalho feito por ela como delegada. Com o apoio de uma equipe composta por mais de 15 policiais em Cajazeiras, ela não teme em falar como é difícil essa vida na polícia, mas bastante apaixonante. Os desafios que diariamente batem em sua porta, são bem vindos, pois mostram como a profissão vale muito para ela.
A também delegada da polícia Civil, Maria Izabel Garrido, está nas estatísticas das mulheres na polícia. Há 20 anos atuando na área policial, a atual delegada titular da 7ª delegacia, localizada no Rio Vermelho, convive tranqüilamente com os desafios da carreira, superando a cada dia o preconceito dos colegas. Para ela, a presença das mulheres em certas profissões acabando incomodando os homens, pois acham que são superiores, sendo que competem de igual para igual. “Nós temos que impor respeito e competir de igual para igual, não querendo ser superior a ninguém, mas esse negócio tem que acabar. Somos fortes, corajosas e merecemos respeito”, desabafa.
Garra e coragem é o reflexo da determinação desta mulher. Há oito anos na polícia militar, exercendo a patente de soldado, ela não vive sem a farda. Cabelo penteado, arma na cintura, roupa passada e muita coragem para encarar os desafios da profissão. Maria Fernanda Rocha, 34 anos, é casada, mas não tem filhos. Há dois anos morando junto com seu marido, planeja até o final do ano que vem ter um filho. “É tudo que mais quero. Estou feliz na minha profissão”, afirma. Outro objetivo em sua vida profissional pode ser alcançado ainda este ano. “Vou fazer a prova pro concurso do Curso de formação de oficiais, da polícia militar da Bahia. É outro sonho que se for realizado, vou ser a mulher mais feliz do mundo”, completa.
Para o policial Paulo Portela, há 33 anos na polícia Civil, o preconceito contra as mulheres já foi bem maior, mas atualmente o problema tem melhorado. “Elas conquistam a cada dia mais espaço na polícia, mostrando que sabem partir pro combate sem medo e com muita coragem. Trabalho há anos com delegadas e percebo que não se intimidam e partem pra cima dos bandidos”, afirma. Portela, como é conhecido no meio policial, afirma que certos lugares são perigosos para as mulheres irem, mas sempre que pode tenta convencê-las a ficarem na delegacia. “Não tenho preconceito, mas tem lugares que são barra-pesada, mas claro se elas quiserem ir não vou impedir, são sempre bem vindas”, diz.
Já o delegado da polícia Civil, José Magalhães, temido pela coragem e polêmicas que persistiram durante sua carreira na polícia, afirma com todas as letras que lugar de mulher é na cadeira sentada e não na rua atrás de bandido. “As mulheres tem que entender que a profissão de polícia é muito arriscada, elas não possuem condições de ir pro “from”, são delicadas, frágeis”, afirma. Para o delegado, que não tem medo de expor seu pensamento, não deixaria uma filha ir pra rua atrás de bandido. “A mulher pode ser juíza, desembargadora, advogada e tantas outras profissões, só não admito querer ser igual ao homem, pois não tem condições”, completa.
-Por Yan Sodré: Fonte: Alô Policia, o seu portal de noticiais policiais. Onde o policial Baiano tem voz ativa, seu trabalho é divulgado eo cidadão é informado. www.alopolicia.blogspot.com
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